27 July, 2005

Bovespa planeja lançar Índice de Sustentabilidade Empresarial-ISE em dezembro

Jornal Valor Econômico, no dia 21/07/2005
Por Daniele Camba, de São Paulo

[Haverá uma audiência pública no auditório da FGV em São Paulo, no dia 10 de agosto de 2005 a partir das 8:30hs. Para participar da audiência é necessário confirmar presença através do site: www.ces.fgvsp.br
O questionário base do Índice de Sustentatibilidade Empresarial (ISE) que será discutido na audiência pública está disponível no endereço: http://www.ces.fgvsp.br/arquivos/Questionario_ISE.pdf
Sugestões e comentários sobre o questionário podem ser enviados para o ise@fgvsp.br até o dia 22 de agosto.]

A matéria:

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) marcou para o dia 1º de dezembro o lançamento do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Desde ontem, o questionário que as empresas terão de responder para se candidatar a fazer parte do índice está disponível para críticas e sugestões nos sites das sete entidades que formam o conselho consultivo do índice, além do site da própria Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), responsável pela metodologia do ISE. No dia 10 de agosto, também está marcada uma reunião pública na sede da FGV onde qualquer pessoa poderá dar sugestões.

Esse grande processo de audiência pública termina em 22 de agosto. A partir de então, o questionário receberá os ajustes finais e as 150 empresas com ações mais líquidas escolhidas para fazer parte da triagem terão entre 40 e 60 dias para responder o questionário via online. As 40 companhias com o melhor desempenho nas questões farão parte do ISE, com a participação ponderada pela quantidade de ações disponíveis no mercado - o chamado "free float". "O índice tem um limite máximo de empresas porque quanto maior o universo mais flexíveis ficam os critérios, sendo que o objetivo é capturar o que há de melhor em termos de sustentabilidade", disse ontem o superintendente de operações da Bovespa, Ricardo Pinto Nogueira, durante a apresentação do questionário.

As companhias terão de responder um total de 136 questões divididas em quatro grandes grupos: social, ambiental, econômico-financeiro e de governança corporativa. Segundo Rubens Mazon, coordenador do Centro de Estudos de Sustentabilidade (CES) da FGV, nos outros três índices do gênero que há no mundo (EUA, Inglaterra e África do Sul) as questões de governança estão incluídas em um dos três outros grupos. No entanto, pela relevância que o tema ganhou no Brasil, o mais sensato, segundo Mazon, era criar um tópico específico para o assunto.

As questões das partes social, ambiental e econômico-financeiro, por sua vez, estão divididas em quatro critérios: políticas (indicadores de comprometimento), gestão (indicam planos, programas, metas e monitoramento), desempenho (indicadores de performance) e cumprimento legal (avaliam o quanto as empresas cumprem a legislação que há sobre o assunto). Já o tópico de governança é dividido em: propriedade, conselho, gestão, auditoria e fiscalização e conflitos de interesse.
As perguntas são objetivas, cabendo apenas "sim" ou "não" como respostas. Serão escolhidas as companhias que tiverem desempenhos similares em cada um dos grupos - método conhecido como "análise de clusters". O coordenador adjunto do CES, Mário Monzoni, afirma que essa forma de cálculo é mais equilibrada do que uma simples média, que acabaria agrupando companhias muito diferentes.

As empresas não vão saber a pontuação de cada uma das questões. "Não queremos transformar o índice em uma conta de chegada", diz Mazon. Essa era uma reivindicação de algumas companhias que acreditam que a ausência dessas informações compromete a transparência do processo do índice.

Todas as 150 empresas com maior liquidez em bolsa participarão do questionário, independente da natureza de seus produtos. Originalmente, a idéia era excluir as companhias de setores prejudiciais à saúde, como fumo, bebidas alcoólicas e armas. Mazon afirma que a tendência no mundo é pela não-exclusão. "Quando o índice é excludente, ele elimina o direito das empresas melhorarem", diz ele.

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